América 2010


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28/12/2009

Bolívia

Hoje partimos para a primeira aventura na Bolívia: La Ruta del Che. Eu, particularmente, nunca fui muito fã de Che Guevara, mas confesso que a forma apaixonada com que os moradores dos lugarejos que visitamos se referem ao "Comandante Guevara" me deixou curioso para ler algo (não biografias em folha de papel jornal que encontramos nas bancas de revista e sim os seus diários).
O mais entusiasmado com o passeio era Gabriel. Desde que ele assistiu o filme Diários de Motocicleta tem aguardado ansiosamente por esse dia.
Tomamos café da manhã ainda na pousada (fica aqui a dica de uma ótima pousada em Samaipata, Andoriña Hostal, onde você toma café da manhã debaixo de uma parreira!) e às 8:00 pegamos estrada com um guia e um motorista. O primeiro destino foi Vallegrande, cidade a 2 horas de Samaipata, onde o corpo de Che Guevara foi exposto pelos militares e depois enterrado.
Iniciamos com uma visita ao museu local que, além da parte voltada para Che Guevara, tem uma sala muito interessante destinada à arqueologia. Nela encontram-se expostos diversos itens de culturas Yampara e Omereque dentre outras, anteriores aos Incas.
Saíndo do museu, seguimos para o mausoléu de Che Guevara, local onde ele foi enterrado e que permaneceu desconhecido por 30 anos. Somente em 1997, após 2 anos de buscas, é que encontraram os corpos de Che e alguns de seus companheiros. Todos os corpos foram transferidos para os países de origem, porém construíram um belo templo no local.
Ali perto visitamos também os locais onde foram enterrados outros guerrilheiros, companheiros de Che, sendo Tania a mais famosa e com um túmulo de mais destaque. Tania, aliás, foi uma das poucas cujo corpo não foi enterrado no seu país de nascimento, e sim em Cuba.
Dali continuarmos nosso roteiro por Vallegrande indo até o Hospital Senhor de Malta.

Esse hospital acabou se tornando ponto turístico na cidade, pois foi na sua lavanderia que o corpo de Che foi lavado (a enfermeira que limpou seu cadáver, ainda é viva e mora em Vallegrande). A lavanderia mais parece uma espécie de templo, com escritos e pinturas deixados pelos turistas. Uma curiosidade é que, ao contrário dos demais pontos da Ruta del Che, a lavanderia não foi reformada, mantendo-se original desde a morte do revolucionário.
Após um breve almoço em Vallegrande mesmo, seguimos para La Higueira. Esse pequeno vilarejo fica a 80km de Vallegrande, porém, como a estrada é de terra e muito sinuosa atravessando a região montanhosa, o trajeto dura 3 horas de carro. O pior de tudo era olhar para o lado e ver a altura em que nos encontrávamos. A verdade é que não valia a pena ficar pensando demais nisso, cria-se uma tensão desnecessária. Nos restava torcer para que o motorista não fosse um psicótico-maníaco-depressivo com tendências suicídas, confiar na sua perícia nesse tipo de estrada e curtir a vista que era fenomenal.
Chegamos em La Higuera ainda dia claro e tivemos tempo para visitar a escola onde o guerrilheiro foi executado pelos militares, além de tirarmos fotos das estátuas e bustos em homenagem a Che.
Quando nos dirigimos para o alojamento para nos hospedarmos, uma má notícia: a região estava sem água. A pouca água que existia estavam em baldes, ou seja, nada de banho... Tudo bem, já estamos começando a nos acostumar. Aliás, essa questão de higiene é algo que merece um comentário. Rafael, um colega de trabalho já tinha me alertado que o povo boliviano não é muito preocupado com limpeza. Pude ver isso claramente hoje: nosso guia nunca lavava as mãos para comer. Fico imaginando o que se passa na cabeça dele... No mínimo "pra que lavar a mão para comer se quem cozinhou também não lavou?"
Bem, vamos dormir e nos preparar pois a parte mais difícil da rota ainda está por vir...


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